Equivocado com uma transexual

Se eu ingerir um alimento transexual, sou considerado gay? É uma pergunta sem resposta clara. Alguns amigos que se declaram homossexuais e já fizeram isso afirmam que não. Afinal, tiveram relações sexuais com uma mulher que estava presa a um corpo masculino.

Outros, que se dizem machistas, respondem que sim. Um travesti é um homem, ponto final. De acordo com eles, eu seria um homossexual, ou seja, uma bicha enrustida, no mínimo bissexual.

Polêmicas à parte, nunca havia pensado sobre o assunto com a profundidade necessária. Há até o termo ̈ginandromorfofilia ̈ para quem se sente atraído por transgêneros.

Pensei muito antes de escrever este relato. Por tudo e como tudo aconteceu. Mas, hoje, pouco me importa. Podem atribuir-me o nome que desejarem. Sou adepto de cds e ponto final.

No passado, me masturbei bastante, olhando fotos sensuais do Roberto Gambine, mais conhecido como Roberta Close. E agora, como não desejar o filho do Toninho Cerezzo, a modelo Lea T ?

Essa fantasia acabou realizada do outro lado do planeta. No longíquo Japão e quem leu meus contos, sabe como fui parar lá. Quem não leu, basta clicar no nome ¨coroa casado¨ que vocês encontram.

Naquele país, há muito tempo, aceitam o homossexualismo como coisa normal. Nos tempos medievais, já existia a figura do ¨ôtokô onnᨠ(homem mulher) e o inverso, ¨onná ôtokô¨.

Grandes atores de ¨kabukí¨, um teatro tradicional, são famosos e admirados por representar papéis femininos. Não há imposição sobre orientação sexual, aceitando-se todas opções.

Nos tempos dos samurais, o principal senhor feudal do país, o ¨shogun¨, tinha harém com centenas de mulheres. É sabido que o lesbianismo corria solto, pois, o ¨shogun¨ mal dava conta da esposa oficial. Tal pratica era até estimulada, evitando uma prole bastarda.

Para este brasileiro, foi surpreendente ver homens vestindo roupas cor de rosa, com flores nos cabelos, fazendo trejeitos, brincadeiras com as nádegas e outras ações com naturalidade, sem serem alvo de críticas, como é habitual na sociedade ocidental.

É comum que um homem diga que ̈hôretá ̈ se apaixonou por outro homem que admira. Imagine-se que, apesar de ser torcedor do Corinthians, apaixonei-me pelo Emerson Sheik, o herói das libertadores.

É tão inocente que é comum que os rapazes entrem na água com boias coloridas em formato de jacarés, golfinhos e outros caracteres infantis menos votados.

Após a guerra, os travestis passaram a ser chamados de ̈new halfs ̈. Existem bares denominados ̈snack new halfs̈, nos quais é possível beber em companhia deles. Fui parar numa casa dessas, a convite de colegas de trabalho japoneses.

Os ¨snack¨ geralmente são pequenas boates, com mesas e sofás na penumbra. Bem iluminado só o palco, onde os clientes podem cantar karaokê, sozinhos ou junto com as meninas. Alguns promovem shows ao vivo. Na portaria um leão de chácara.

A função das acompanhantes é fazer você beber e saborear os tira-gostos. A conta sempre é salgada. Aquela casa não era diferente das outras. Umas vinte bonecas com mini-vestidos bem decotados, saltos altos, bem produzidas. Japinhas, coreanas, filipinas e até uma tailandesa, todas lindas, de feminilidade deslumbrativa.

O snack é um local para o cliente beber, conversar, jogar xaveco. O das acompanhantes é de seduzir, fazer o cliente sentir-se o homem mais gostoso do mundo, desde que gaste. Umas passadas de mão, meio dissimuladas, são toleradas. Para as acompanhantes vale tudo para cativar o cliente, só não permitindo punheta, felação ou penetração.

As bonecas iam girando pelas mesas. Os companheiros se definiram por duas japinhas e uma coreana. Eu, parecendo um caçador de borboletas de araque, com a rede na mão, só olhando as mariposas, fascinado por tanto mistério e beleza.

Nisso, uma das filipinas, a mais jovem, que naquele momento estava sentada comigo, foi chamada para cantar. Emi, seu nome de guerra. Parecia tímida, tinha voz bem feminina, pequenina, uns 1,60m. se muito. Rostinho lindo, mistura de sangue espanhol e asiático.

Devido à pouca compreensão do japonês, não teve êxito. Tenho uma boa compreensão do idioma inglês que adquiri ao longo de seis meses de residência em Los Angeles. Estamos nos comunicando nessa língua, uma vez que não sei nada de Tagalog. Emi falava um pouco de castelhano, influenciado pela avó, o que ajudou.

A garota timorata surpreendeu-me no palco. A cantora cantou a música ̈The power of love ̈ com perfeição, sem tirar os olhos de mim. Não sei se por influência do ¨shochú¨ (subtipo do sakê, aguardente de arroz), só sei que aos meus ouvidos, não ficou devendo nada à Celine Dion.

Soube depois que em Manila, ela cantava desde criança. Veio para o Japão com visto artístico, categoria ¨Talento especial¨, tendo até se submetido a um teste no consulado. Nessa hora resolvi que meu ¨shimê¨ (uma taxa extra para fixar a acompanhante na mesa) era ela.

Sua companhia deleitante me fazia esquecer que estava com um travesti. Com o rabo dos olhos nos funcionários da casa, minhas mãos passaram a trabalhar furtivamente, passeando pelas coxas lisinhas, subindo por baixo do vestido justo, tentando chegar no vértice do prazer.

Seu corpo era bem feminino, todo curvilíneo. Os cabelos negros, longos e macios eram naturais, assim como os seios e a bunda arrebitada, isento de silicone, fruto apenas de hormônios femininos. Disse que estava juntando grana para mudar de sexo, a tal cirurgia de retribuição sexual.

Ela parecia estar caidinha por mim. Declarava amor a todo momento, com ternura, paixão. ¨Como finge bem¨, pensei, admirado com a jovialidade e tanta destreza na arte de seduzir.

Um pouco sob efeito do álcool e outro tanto cheio de tesão, tocava seus seios, enfiando a mão pelo decote, dava beijos molhados no pescoço, quase chupões, aspirando seu perfume suave e discreto. Agarrava aquela bonequinha com força, trazendo-a junto ao meu corpo, tentando fundi-los num só.

Passava da meia noite, quando dois japoneses do grupo, resolveram ir embora. Restaram apenas eu e o Kobayashi-sam, o Koba como nós o chamávamos. Pelo jeito, o Koba estava se dando bem com uma japa, bem branquinha, alta e muito bonita.

Acabamos ficando nos amassos até duas da madruga, quando tocaram a musica ¨Mary Jane¨, um aviso de que o expediente estava terminando e convidando os clientes a se retirar.

Um snack não é casa de prostituição. Porém, eles lavam as mãos, caso as funcionárias queiram sair depois com os clientes. Acabamos combinando os quatro de ir para um ¨love hotel¨ (motel).

Apesar de estarmos de carro, tomamos um táxi, porque lá, as leis são rígidas quanto à dirigir alcoolizado. Se pego é cadeia na certa, além da perda até definitiva da carta de habilitação, dependendo do grau de embriagues.

Já no quarto, acabamos nos beijando. Começamos a nos despir, entre beijos e agarrões. Eu já totalmente nu e ela só de calcinha. Nisso, bem no meio de um beijo molhado, apalpei seus genitais. Foi uma sensação esquisita. As pontas dos dedos tatearam as bolas macias, com algo pequeno e duro pressionando a palma da mão.

Por um instante, a cabeça de cima reassumiu o controle. ¨PQP, estou com a língua dentro da boca de outro homem !¨. ¨Peguei na pica de outro homem !¨. Esses pensamentos martelavam minha mente.

Mas nessa hora, o tesão e a cabeça de baixo, na ponta do cacete duro, inchado, a ponto de explodir, falou mais alto. Emi se agachou e começou dando beijinhos na ponta do mastro, enquanto acariciava levemente as bolas. Com os lábios foi percorrendo toda a sua extensão.

Alternou com lambidas, até agasalhar a pica por inteiro, comprimindo com a língua e o céu da boca, me fazendo sentir sua quentura e umidade. Ora lenta, ora vigorosamente, chupou com maestria. Nossa, como ela sabia dar um trato com a boca. Foi um dos melhores ¨felatio¨ da minha vida.

A ponto de gozar, afastei sua cabeça, empurrando pela testa. Bem na hora, pois, o ultimo beijinho dela na glande fez meu pênis latejar, um princípio de ejaculação.

Empurrei ela para a cama, peguei um preservativo e encapei o agoniado. Emi deitada de bruços e eu, direcionei o pau no botãozinho rosado que piscava. Sem ligar para as suplicas de ¨slow, please cautiously, slow¨, fui com tudo. Ela urrou de dor, ao ter as preguinhas arrombadas.

Apesar da camisinha ser lubrificada, avançar naquele cuzinho quente e constrito estava difícil. Ela empurrando o quadril para frente, tentando escapulir. Tarado e possesso, travei prendendo minhas pernas nas delas, aplicando aquilo que no jiu-jitsu chamam de gancho, estabilizei a posição.

Com os braços, agarrei firme pelas ancas, conseguindo enfiar tudo. Só de lembrar a sensação daquele corpo quente e curvilíneo embaixo de mim, eu fico de pau duro tamanha delícia que foi aquele penetração.

Bombei com vontade, sem ligar para os lamentos dela. Como era apertadinha! E que buraco quentinho! Cada estocada era acompanhado de um ¨uahhhh, uahhhh, uahhhhh¨, ritmado, gutural, e findava como buscasse o ar a cada recolhida da rola. Na verdade, a sonoridade da voz meio masculina ou forçadamente feminina sempre soou afrodisíaca aos meus ouvidos.

Quando dava uma estocada forte, o gemido choroso era mais alto e curto ¨uahhhh, uah!¨. Aquilo me excitava ainda mais, atiçando um prazer sádico, inexplicável. Estava fora de si, querendo punir sabe lá quem, o que, talvez meu conflito de sexualidade.

¨Como essa putinha safada interpreta bem o papel de inexperiente em dar o rabo¨, pensei. Meu pau comprimido pelas paredes do buraquinho, deslizava forçado, para dentro e para fora. Acabei gozando de forma incrível, enchendo a camisinha de porra.

Me deixei cair exausto e satisfeito, colocando todo meu peso naquele corpinho. Nessa hora então, veio à mente um pensamento aterrador: ¨Putz grilo, comi o cu de outro homem¨. Só então, me dei conta que embaixo de mim, Emi chorava baixinho, a piroquinha toda mole, encolhida.

O clima ficou chato, constrangedor. Tentei conversar, mas, ela só respondia com monossílabos, tipo ¨yes¨, ¨no¨, ¨nothing¨, ¨ok¨. Ofereci uma nota de dez mil ienes (mais ou menos cem dólares) e ela recusou. Na hora, não entendi o que estava acontecendo.

Tomamos banho, esperamos Koba e a japa acabar. Eles bateram na porta do nosso quarto. Chamamos outro táxi e deixamos as duas no apartamento em que moravam, perto do snack. Na volta, o trajeto inteiro, Emi muda e retraída.

Tinha até me esquecido do fato. Meses depois, Koba me convidou para nova saída. Acabamos no ¨snack¨ de transexuais. As meninas como sempre circulando pelas mesas. Emi entre elas, sem nunca chegar na nossa.

Quando uma outra filipina sentou ao meu lado, perguntei o porque dela estar evitando a nossa mesa. Esta já era veterana e falava o japonês muito bem. Para minha surpresa, disse que o motivo era eu.

Emi nunca saia com homens e eu tinha sido a exceção. Aliás, fora um namorado que tinha ficado na terra natal, eu tinha sido o único a transar com ela. E que ambas experiências tinham sido decepcionantes.

Fiquei sem reação. Foi um choque para mim. Só então, me dei conta que quão estúpido tinha sido. Enquanto ela viu em mim alguém que poderia dar pela primeira vez, o carinho e o prazer, oferecendo o seu desejo e amor, eu enxerguei apenas, uma prostituta, um buraco para saciar meus desejos bestiais.

Interpretações errôneas já causaram grandes tragédias. Meu entendimento equivocado, era na essência, o foco de um drama em minha primeira experiência ginandromorfófila. Me senti então o mais vil dos seres humanos. Se existisse um buraco no chão, nele entraria, tentando me esconder de mim mesmo.

Eu tinha que remediar o irremediável. Ao menos tentar. Na minha vida já tinha muita coisa para não me ufanar. Um vexame para rememorar se auto recriminando. Não queria acrescentar aquilo na minha lista de recordações infames. Chamei o supervisor e fiz ¨shimê¨ da Emi.

Ela veio visivelmente contrariada, cumprimentando e se esforçando para parecer o mais profissional possível. Fui pegar em suas mãos e ela rapidamente as retirou. Eu só pude me desculpar:

– I´m sorry, Emi. I´m a stupid man. I´didn´t know your sentiments. Please, excuse me.

Emi me encarou com o olhar tristonho. Com a costa da mão, retirou uma lagrima que teimava em sair dos olhos, suspirou e disfarçou um sorriso, pegando o guardanapo de pano, limpando o suor gelado do meu copo de bebida. Pegou mais gelo no pote, colocou mais ¨shôchú¨ e água misturando com uma varetinha de vidro.

Evitou tocar no assunto daquela outra noite infausta, se comportou como as outras, retribuindo meus carinhos, mais de sentimentos culpados do que movidos por desejo. Ao ser chamada pelo supervisor, foi ao palco e cantou divinamente, sem olhar nenhuma vez para mim, a canção ¨My heart will go on¨ , tema do filme Titanic.

Nunca mais a vi. Agora, mesmo anos depois, me arrependo daquela noite. Não por ter sido a minha primeira vez com um transexual, mas sim, pela forma de como foi. E desejando, do fundo do coração, que ela tenha encontrado o amor e merecido carinho.

Hoje consigo comer as travestis sem problema. Aliás, adoro cdzinhas bem femininas. Se um dia, eu for dar meu cu virgem, vai ser para uma delas. Não vou ter qualquer grilo na cuca. Vivendo e aprendendo.

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(Refrão DE POWER OF LOVE)

¨Cause I´am your lady (porque eu sou a sua dama)

And you are my man! (e você é meu homem!)

Whenever you reach for me… (Qualquer hora que você procurar por mim…)

I´ll do all that I can! (eu farei tudo que puder!)¨

(verso final de MY HEART WILL GO ON)

¨You´re there, thens nothing I fear (Você está aqui, não há nada que eu tema)

And I know that my heart will go on (e eu sei que meu coração seguirá em frente)

We´ll stay forever this way (ficaremos para sempre dessa forma)

You are safe in my heart (Você está seguro em meu coração)

And my heart will go on and on (E meu coração continuará e continuará)¨.

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